Recentemente, fiz uma viagem à Nova Zelândia (fotos no link da sessão Minhas Viagens, abaixo) e conheci uma criatura minúscula e fascinante: as larvas luminosas (glowworms, em inglês) das cavernas escuras de Te Anau.
O inseto é a fase adulta da larva e vive somente o tempo de procriar. A fêmea morre imediatamente depois de pôr os ovos e o macho morre dentro de cinco dias. Os ovos eclodem em larvas que vivem por 9 meses com o único intuito de engordar. Para se alimentar, essas incríveis criaturas produzem fios cobertos por um visgo que captura os insetos descuidados atraídos pela luminosidade azul-esverdeada da cauda das larvas. Quanto maior a fome, mais brilhante é a luz emitida pela larva. Esses fios são dispostos como uma cascata de contas de cristal e quando a larva sente a vibração causada por algum inseto imobilizado pelo líquido viscoso e pelas toxinas contidas nos fios, desce até a sua presa e se alimenta de seus fluidos internos. Essas larvas, literalmente, brilham para viver!
Na escuridão, dentro de um bote se movimentando vagarosamente na silenciosa caverna, testemunhei esse espetáculo natural que acontece tão somente pela necessidade de sobreviver.
O teto da caverna parece coberto de pequenas lampadinhas opacas que, brilhando juntas, produzem luz suficiente para se enxergar as pessoas a sua volta. É um visual muito bonito e acho que seja melhor não ser possível ver as larvas, já que larva é larva, e tem uma aparência nojenta. Mas, depois de entender como funciona o ciclo de vida dessas larvas, desenvolvi um enorme respeito por elas.
Fiquei pensando e lembrei de algumas lições que a gente ouve aqui e ali e, às vezes, as relembra, quando é apresentada a criaturas como essas:
Simplicidade porque as larvas têm um único objetivo que é a sobrevivência, portanto, passam a vida de alimentando para que produzam ovos saudáveis quando se libertarem de seu casulo para serem fecundadas e re-iniciar o ciclo;
Humildade porque elas criam um visual mágico na mais completa escuridão, silêncio e somente em lugares remotos. Não querem audiência!;
Tolerância com criaturas de aparência desagradável que nada mais fazem do que cuidar da própria vida;
Respeito pelos pequenos - por 'pequenos', me refiro às coisas e pessoas de quem, geralmente, não se espera muito, não se dá valor - porque são bichos minúsculos que sabem muito bem se cuidar sozinhos e, apesar de serem biologicamente bastante simples, são capazes de construir uma cortina de até 70 fios, de uns 15cm cada um, de um material quimicamente complexo e de transformar seu próprio excremento em luz atrativa às suas presas.
Enfim, curti o passeio de várias formas. :-)
http://novazelandia.co.nz/tours-y-actividades/isla-sur/fiordos-a-te-anau.html?page=shop.product_details&flypage=vmj_estore.tpl&product_id=90&category_id=14
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